Actividade 1

SOCIEDADE EM REDE
- Uma definição colaborativa -

Este é um trabalho que pretende definir o conceito de “sociedade em rede” tal como é entendido na atualidade, nas suas diferentes conceções, bem como distingui-lo de sociedade da informação e do conhecimento.
Os seres humanos são sociais na sua essência, têm necessidade de se relacionar e de expandir as suas relações, procurando resolver necessidades afetivas, físicas e materiais. Não surpreende, assim, que o Homem opte por viver em grupos, nos quais desenvolve elos complexos de interdependência comercial, ideológica, religiosa, etc. Sempre vivemos em rede de uma ou de outra forma e, neste sentido, o próprio conceito de sociedade se confunde com rede.
Sociedade em rede, no entanto, corporiza um novo paradigma de relações sociais que, embora assentes em nós relacionais que constituem uma trama semelhante às anteriores, se servem de uma teia com características extremamente distintas que, em si, conferem um padrão totalmente diferente ao tecido relacional.   
Se antes este esquema social padecia de restrições espácio-temporais e se tecia num tear de pequenas dimensões, atualmente o tear atingiu uma escala planetária e deixou de se submeter a qualquer tipo de restrição. Se o processo envolvia essencialmente uma rede de contactos locais e as permutas eram lentamente efetivadas de forma pessoal e com um acesso temporal e espacialmente restrito à informação, hoje o processo é quase instantâneo e de caráter global graças aos desenvolvimentos na área das comunicações, especialmente a Internet.

Sociedade em Rede 
"A revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capitalismo introduziram uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede" (M. Castells)
                                                                             SR
                                                                                 (Titulo: Huge Social network visualization de Elner Von Denen)
Sociedade e Rede são dois termos que se conjugaram para definir o recém sistema relacional das comunidades do século XXI. Importa, pois, perceber a abrangência destes vocábulos e deslindar a forma como, tendo-se fundido, se redimensionam para cunhar o conceito completamente novo de sociedade em rede.
A definição de Sociedade não é simples nem linear tal como não é simples nem linear a própria estrutura social. Trata-se de um sistema relacional interdependente composto por todos os seres humanos que, ocupando um determinado espaço num determinado tempo, partilham diferentes traços de união entre eles (interesses, culturas, família, vizinhança, trabalho, origens, opções políticas, tradições, etc), elementos que determinam a sua forma de organização e relacionamento. Rede, no sentido que aqui importa destacar, designa uma estrutura em que vários elementos se entrelaçam, formando uma malha. Sociedade e Rede são, por isso, termos que à partida se harmonizam, considerando que o tecido social é, em si, uma rede e sobrevive nesses elementos relacionalmente enredados. A atualidade, no entanto, trouxe uma nova rede à rede.
As sociedades sempre viveram em rede, ou em redes, e a comunicação, condição necessária para a vivência em comunidade, foi acompanhando e dando respostas às necessidades destas redes sociais. Com a transição do modelo económico capitalista para o modelo económico neoliberal, a sociedade passou a caracterizar-se por contínuos avanços científicos que proporcionaram uma forte globalização económica e cultural. A Internet e as modernas tecnologias de comunicação passaram a permitir que a informação circulasse em grandes quantidades, sem restrições de fronteiras e em curtos espaços de tempo. Neste contexto, Bernstein (1996) enfatizou que a transição se processou de uma sociedade baseada em recursos físicos (matérias - primas, força de trabalho, instalações etc.) para uma sociedade fundada em informação e conhecimento. Castells (2005), por seu lado, observou que o avanço tecnológico mais recente proporcionou um aumento exponencial do efeito de rede no esquema social ao interligar pessoas numa transcendência geográfica e temporal. A expansão permanente das novas tecnologias, que permitiu o aumento significativo da comunicação a nível local e global, tornou possível a interatividade de muitos para muitos, e a sociedade tem sucessivamente incorporado esta ferramenta na sua dinâmica, transformando-se.
Neste contexto, o vocábulo rede tornou-se mais abrangente, de acordo com Guerreiro (2006:317), rede é, também, a difusão de informação que se produz localmente com a perspetiva de se propagar globalmente através diferentes meios de comunicação, a partir de protocolos alfanuméricos de interoperabilidade que possibilitam a Internet tal como a conhecemos. Em consequência, a relação social também se tornou mais abrangente e transformadora, não surpreende, pois, que a determinado momento a palavra Sociedade pareça insuficiente para exprimir a nova realidade e o vocábulo Rede demasiado presente para se confundir com a tradicional relação social.
Castells (2005) cunha o conceito de sociedade em rede para exprimir as novas dimensões desta estrutura social mais recente que, associada à emergente era digital, substitui gradualmente a sociedade da era industrial. O conceito, tal como o define, abrange as diferentes dinâmicas de relações humanas que, ao contrário das dinâmicas anteriores, contam com uma teia tecnológica de caráter digital, suportada e estimulada pela Internet, para colocar o conhecimento e a informação em movimento, possibilitar permutas e criações constantes, a uma escala planetária e sem constrangimentos. Se este recente esquema relacional não surge por causa da tecnologia mas devido a imperativos de ordem social, sem a tecnologia informática de redes de comunicação ela não poderia existir tal como a conhecemos. Assim, a sociedade em rede é a estrutura social baseada em redes operadas por tecnologias de comunicação e informação fundamentadas na microeletrónica em redes digitais de computadores que geram, processam e distribuem informação a partir de conhecimentos acumulados nos nós dessas redes (Castells e Cardoso, 2005:20). A fluidez reticular, a flexibilidade, a expansão e transformação permanentes são traços determinantes deste novo mundo desterritorializado.
Para Minconi (2008, p.153-154) a sociedade em rede é a generalização de uma lógica em rede que substitui os tradicionais modelos verticais de domínio por um esquema horizontal. Di Felice (2008, p.57-58) apelida-a de "sociedade a código aberto", considerando que nela se constroem conteúdos e há uma apropriação do mundo através das tecnologias digitais. Segundo Rodrigues (2005), todos os que vivem em sociedade estão, de alguma forma, a incorporar um espaço público de uma relação, de uma rede e ter consciência disso é um passo em direção à cidadania inquieta, à possibilidade de escolha entre contribuir mais ativamente para o desenvolvimento da comunidade ou não, entre ter um comportamento responsável ou não diante da coletividade. Entender que o homem vive e constrói a sociedade em rede é perceber que nela o conhecimento gera poder - o poder da escolha e da transformação.
As potencialidades e o poder transformador deste fenómeno de reticularização não deixam, inevitavelmente, de ter traços paradoxais. Castells, em Castells e Cardoso (2005:18), relembra que “a sociedade em rede [se] difunde por todo o mundo, mas não inclui todas as pessoas.” A reflexão remete para duas realidades diferentes mas igualmente preocupantes: por um lado o acesso às ferramentas que dinamizam os novos movimentos sociais é desigual, o acesso no sentido físico mas também no sentido das competências; por outro a apropriação das ferramentas nem sempre tem o potencial transformador incorporado pois, tal como refere Silverstone (citado em Castells e Cardoso, 2005:31) “sendo a Internet uma tecnologia, a sua apropriação e domesticação pode também ocorrer de forma conservadora e assim actuar apenas enquanto propiciadora da continuidade da vida social tal como ela se encontrava pré-constituída.”
Aquilo que na sociedade em rede pode significar uma vantagem massiva e inclusiva, pode, de igual modo, resultar na massiva exclusão social e no congelamento do futuro. A difusão e acesso desiguais às tecnologias bem com a deficiente apropriação das novas ferramentas criam constrangimentos que devem ser pensados e incorporados na rede de otimização do tecido social do século XXI.

A Sociedade em Rede e a Sociedade da Informação e do Conhecimento
A sociedade em rede consubstancia-se no novo ambiente social e tecnológico – era digital, permitindo a comunicação a nível local e global e a expansão permanente das novas tecnologias trazendo um aumento significativo de interatividade de muitos para muitos.
Porém, não significa o mesmo que sociedade da informação e do conhecimento. Esta corresponde à sociedade com novas capacidades de (re) organização recorrendo às tecnologias da informação e da comunicação com actividades que têm por base as redes de comunicação digital. O desenvolvimento das tecnologias traz alterações profundas: globalização, aceleração e instantaneidade da circulação da informação, a realidade mediatizada pela tecnologia, dando origem ao homo digitalis.
Miranda (2000) citado por Lima e Santine (2008:41) afirma que o fenómeno que melhor caracteriza este funcionamento em rede é a convergência progressiva que ocorre entre produtores, mediadores e usuários em torno dos recursos, produtos e serviços de informação. O alcance dos conteúdos é potencialmente universal, resguardadas as barreiras linguísticas e tecnológicas.
O conceito de Sociedade da informação é tratado por diversos autores, sob óticas diferentes, convergindo na mesma ideia. Segundo Castells (2002) “A Sociedade de Informação é um conceito utilizado para descrever uma sociedade e uma economia que faz o melhor uso possível das Tecnologias da Informação e Comunicação no sentido de lidar com a informação, e que toma esta como elemento central de toda a atividade humana”.
Sendo assim, falar da sociedade da informação é referenciar-nos a uma sociedade em que o intercâmbio de informações é a atividade social predominante. Fazendo uso de todas as tecnologias disponíveis, os indivíduos que compõem esta sociedade processam, armazenam, selecionam e usam ferramentas que facilitam a comunicação e a troca de experiências entre si, tendo como resultado a construção de novos conhecimentos.
Segundo Borges (2004) “O Conhecimento por ser, em grande parte, resultado da partilha coletiva de significados, é necessariamente construído em sociedade promovendo valores como a colaboração, a partilha e a interação, independentemente de qualquer tipo de filiação ou pertença.”
De acordo com Sorj (2003) citado por Silva et al. (2010:218) sociedade do conhecimento seria um tipo de sociedade que se volta para certo tipo de conhecimento, "o conhecimento científico", a partir do qual se desenvolve a capacidade de inovação tecnológica, principal motor da expansão económica no mundo contemporâneo.
Por outro lado, Tedesco (1999) aborda a questão da produção do conhecimento científico e a normatização da veiculação deste conhecimento produzido de um para muitos. O autor chama atenção para o “surgimento de conflitos que levam à necessidade da criação de acordos e legislação para proteger os direitos da propriedade intelectual”.
Sobre a relação entre Sociedade da Informação e Sociedade do Conhecimento, o subdiretor geral da UNESCO para a Comunicação e Informação, Abdul Wheed Khan, declara: “Sociedade da Informação é o tijolo para construir o edifício da Sociedade do Conhecimento”. Nesse sentido, percebe-se que o conhecimento se constrói a partir das informações socializadas pelos produtores intelectuais, isto é, dos produtores do conhecimento científico.  Logo, tal conhecimento se não for expandido para outros sujeitos, torna-se inútil. De nada valeria uma produção científica que tivesse um fim em si mesma.
De acordo com Castells (1999), a estrutura social de uma sociedade em rede resulta da interacção entre o paradigma da nova tecnologia e a organização social num plano geral. A comunicação em rede transcende fronteiras, a sociedade em rede é global, é baseada em redes globais. Então, a sua lógica chega a países de todo o planeta e difunde-se através do poder integrado nas redes globais de capital, bens, serviços, comunicação, informação, ciência e tecnologia.
Castells (1999), afirma que a sociedade em rede também se manifesta na transformação da sociabilidade. O que nós observamos, não é o desaparecimento da interacção face a face ou o acréscimo do isolamento das pessoas em frente dos seus computadores. Sabemos, pelos estudos em diferentes sociedades, que a maior parte das vezes os utilizadores de Internet são mais sociáveis, têm mais amigos e contactos e são social e politicamente mais activos do que os não utilizadores. Além disso, quanto mais usam a Internet, mais se envolvem, simultaneamente, em interacções, face a face, em todos os domínios das suas vidas. A sociedade em rede é uma sociedade hipersocial, não uma sociedade de isolamento.
Assim sendo, sociedade em rede é uma entidade que transcende categorizações atribuídas à Sociedade da Informação, à Sociedade do Conhecimento ou à Sociedade da Informação e do Conhecimento.

Sociedade em Rede: o impacto na sociedade actual
A Internet é um meio de comunicação interactivo, diferente dos restantes meios de comunicação, na medida em que pressupõe uma interactividade e exige maior participação por parte do “receptor”, que é cada vez mais, em simultâneo, “emissor”(Castells, 2003).
As múltiplas transformações introduzidas pelas tecnologias digitais podem causar mudanças subjetivas comparáveis àquelas causadas pela Revolução Industrial ao longo dos séculos XIX e XX (Silveira, 2004, citando Nicolaci-da-Costa (2002c). Para Castells (2003) pela primeira vez na história existe uma capacidade em massa de comunicação que não é intermediada por empresas ou pelos mass media. A “Sociedade em Rede” é fruto dessas transformações, económicas, tecnológicas, sociais e culturais que se verificaram neste fenómeno que é a globalização e que abrangem todas as camadas sociais em todas as regiões do mundo.
Segundo Castells (2008) o ciberespaço é a sociedade em rede, aldeia global, um cenário dinâmico baseado no fluxo e troca de informação, capital e cultura. Existe nela uma diversidade de produtos e serviços que provocam uma mudança no quotidiano de todos os segmentos, social, cultural, económico, político e educacional (Carpes, 2001).
A nível social, as pessoas, tendem a usar a Internet para atividades similares às existentes antes do advento dessa tecnologia: enviar e receber email em substituição das ligações telefónicas e ao correio tradicional e para obter notícias, pesquisar informações, fazer compras e divulgar atividades profissionais. Por outro lado, crianças, adolescentes e adultos mais jovens adotam novos usos para a Internet. Eles usam-na para a formação de novas relações de amizade e amorosas e para se integrarem em grupos virtuais, que funcionam como os grupos da vida real (Clay, 2000; Gonçalves, 2000; Kraut et al., 2003; Nicolaci-da-Costa, 2002a e 2002b). Podemos afirmar que qualquer tipo de relacionamento está cada vez mais articulado pela ligação em rede, desde o surgimento de novas amizades ao encontro entre pessoas fisicamente distantes (Silveira, 2004).
A nível económico, diversificam-se e multiplicam-se os fluxos de informações financeiras e comerciais em todo o planeta, segundo Moraes (2003), citado por Carpes (2001). A globalização também leva a fusões e reestruturações de empresas, mudanças de capital e de unidades de produção para outros países onde a mão-de-obra é mais barata, sendo a gestão feita a nível central. Estes fluxos impulsionam mudanças no modelo organizacional que somente se tornam possíveis através de tecnologias de comunicação e softwares integrados através da Internet (Moraes, 2003, p. 193).
No trabalho verificam-se modificações a nível da sua estrutura, organização e forma (Levy, 2003; Castells, 2000), que são caracterizadas pelo surgimento de novos postos de trabalho, cargos que são mais flexíveis e com capacidade de adaptação tanto no local como no desenvolvimento do mesmo. Consequentemente verificam-se novas exigências no que diz respeito à procura de trabalhadores, que devem ser cada vez mais especializados. Terêncio e Soares (2003) avaliam a Internet como uma ferramenta útil para o desenvolvimento da identidade profissional (Silveira, 2004).
A influência da Sociedade em Rede na Cultura Local e Global, é uma questão que tem levantado algumas questões, pois esta cultura global não está limitada ao individualismo, ao materialismo e consumismo. Também dela fazem parte a democracia, os direitos humanos, a igualdade e a liberdade individual (Morin, 2002). Carpes (2011) levanta uma questão importante colocada por Arnett (2002): estes valores estão longe de serem universais, uma vez que estão “centrados na liderança de países industrializados do Ocidente e, muitas vezes, entram em conflito com as culturas locais”. As pessoas adoptam, de certa forma, esta cultura global como complemento à sua cultura local antagonizam-se a ela.
Segundo Hargreaves (2003) “A sociedade do conhecimento é uma sociedade de aprendizagem” (Lisbôa, et al. 2011). A produção de conhecimento depende da capacidade de adaptação do individuo às mudanças emergentes, continuando a aprender de forma autónoma e colaborativa. Esta capacidade de aprendizagem ao longo da vida é, segundo Fisher (2000), o aspecto “mais central na construção da nova ordem social”. Neste contexto surgem novas questões e responsabilidades à escola/ educação, que enfrenta desafios na forma de ensinar (e aprender) nesta nova sociedade em que a criatividade e a inovação determinam o sucesso da economia.
A utilização de redes sociais na educação tem gerado forte controvérsia. Defendidas por uns, e contestadas por outros, a verdade é que a sua eficácia e impacto são inquestionáveis e a escola não se pode alhear dessa nova realidade que afecta todas as esferas da sociedade actual. As escolas “acordam lentamente para esta nova realidade, mas os jovens trazem a Web 2.0 para os computadores da escola e usam as redes sociais naturalmente no seu quotidiano para os mais diversos fins” (Caldeira, 2011).
Um dos grandes contributos que a escola poderá dar é preparar os alunos para os novos desafios: ensinar a gerir a informação e garantir a gestão metacognitiva do conhecimento, ou seja, apoiar no desenvolvimento de competências de aquisição, interpretação e análise da informação e espírito crítico (Pozo e Postigo, 2000 citados por Lisbôa, et al., 2011). É inevitável que a escola e os seus agentes repensem a forma de ensinar para a apropriação das novas formas de aprender e de se relacionar com o conhecimento.
Estamos perante uma nova “identidade” para o professor, que através da utilização das novas tecnologias, deverá estar preparado para estimular a criação colectiva, a criatividade, espirito critico e reflexão dos seus alunos. Só assim a “educação será capaz de atender as demandas de um futuro próximo” (Lisbôa, et al. 2011).
Concluindo, a rede deixa de ligar máquinas e passa a unir pessoas, processo com implicações sociais profundas (Caldeira, 2011).
O mundo virtual sugere, de facto, inúmeras possibilidades em todos os aspectos da vida, diante deste facto Lévy (2007, p. 104) reforça o conceito de ciberespaço que “designa ali o universo das redes digitais como lugar de encontros e de aventuras, terreno de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural”.
O desenvolvimento acelerado das novas tecnologias está a provocar uma metamorfose radical e global, em todos os aspetos da vida social e familiar, sendo, por isso, necessário reconhecer a importância das TIC em todos os ramos da vida social e profissional; que a informação é sinónimo de poder e que o poder está no conhecimento; que as profissões privilegiam cada vez mais o uso da informação e das TIC, provocando alterações ao nível da organização das empresas e nas formas de nelas se trabalhar, obrigando a uma flexibilidade e mobilidade no mundo do trabalho e do ensino, onde a aprendizagem deve ser autónoma e autorregulada, ao longo da vida. 
Diante deste cenário, vários desafios se levantam. O primeiro deles é tentar garantir a democratização do acesso às mais variadas formas, meios e fontes por onde circula a informação para que possamos construir uma sociedade mais equitativa. Por outro lado, devemos desenvolver competências e habilidades para transformar essa informação em conhecimento, tendo em conta valores como a solidariedade, o respeito, a diversidade, a interacção, a colaboração, a criatividade e sobretudo, a nossa capacidade de ousar, de inventar, de inovar e, ao mesmo tempo, de sermos capazes de avaliar os riscos dos nossos atos. Concordamos com Lisbôa, et al. (2011) quando afirmam que “temos plena convicção que isso só poderá ser alcançado por meio da educação”. 

Considerações finais
A realização deste estudo, que pretendeu construir coletivamente uma definição de sociedade em rede levou o grupo, à superação de diversos desafios.
Enquanto indivíduo, o desafio está em como abstrair uma real compreensão do que já foi dito e, sem sobreposição, conseguir complementar; adicionar tijolos à construção deste conhecimento que aos poucos foi se desenhando. Terá sido este sim o real desafio?
Certamente, outros podem ser listados, quais sejam os de lidar com as novas ferramentas fruto das modernas tecnologias da informação e comunicação; praticar empaticamente os novos recursos didáticos na qualidade de aluno e não de professor; experimentar a autonomia na construção de novas competências sem a gerência da tão tradicional figura do professor a guiar a aprendizagem, por meio do ensino.
Sobre esta caminhada, que em si já comporta aprendizagens significativas, há que reconhecer que ainda há muito a aprender. Todavia, no que toca à construção coletiva, largos passos foram dados.
Na definição de Sociedade em Rede, paradoxalmente, constrói-se a compreensão deste conceito em construção que abarca, na sua estrutura, o entendimento de sociedade da informação e do conhecimento, bem como a constatação que a rede hoje deixa de simplesmente ligar máquinas, para unir pessoas numa dimensão global, o que interfere diretamente no comportamento das pessoas e promove profundas mudanças sociais. As mudanças que caracterizam esta sociedade em rede referem-se aos vários aspetos da vida humana.
Uma breve análise dos séculos XX e XXI permite-nos constatar que a espécie humana está a iniciar uma nova fase da sua história, que muito deve ao desenvolvimento das TIC, tecnologias de rede e da internet. Estes acontecimentos trouxeram inúmeros benefícios à vida cotidiana da população mundial de uma forma generalizada. Economia, política, cultura, educação e sociedade foram todas influenciadas e modificadas nos últimos anos. No entanto, seria míope avistar este contexto de forma unicamente positiva.
O excesso de informações e a rapidez da sua veiculação combinam a escassez de espaço e tempo para a abstração e para a reflexão, podendo dificultar o aprendizado e contribuir para uma cultura caracterizada pela superficialidade, pela padronização e, sobretudo, pela valorização da imagem em detrimento da palavra.
Ainda que isso não deva ser tomado como absoluto em todos os casos, pois ainda existem abstração e reflexão no mundo de hoje, também não seria prudente desconsiderar os riscos desta nova cultura emergente. A valorização de formas de expressão apoiadas no sensorial, narrativo, dinâmico, emocional e sensacionalista participa do desenvolvimento de determinadas maneiras de agir, pensar e sentir, caracterizando um novo momento histórico, que traz consigo ganhos significativos para os indivíduos e suas organizações. Por outro lado, a desvalorização do abstrato e simbólico, do analítico, estático, racional, previsível e rotineiro traz consigo perdas igualmente significativas e, portanto, merecedoras de atenção e cuidado.
No percurso para construção da definição de Sociedade em Rede, considerando a dimensão planetária em que se insere esta sociedade, este estudo elucida a necessidade de procurar, individualmente e pelas formas organizadas da sociedade, a democratização do acesso à informação, ao tempo em que se faz necessário o desenvolvimento de competências e habilidades para transformar estas informações em conhecimentos úteis que tenham as tecnologias e as relações que, por seu intermédio, se estabelecem como forma de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Por fim, entende-se que esta sociedade em rede permite estudos, trabalhos colaborativos, sociabilização e todos os outros aspetos da vida humana que possibilitam as pessoas e organizações aprenderem e interagirem juntos para, em escalas nunca imagináveis, conviver, interagir, trabalhar, inovar, teorizar e recriar novos caminhos para uma sociedade melhor.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2 comentários:

  1. Oi Sandra,
    O seu blog está muito fácil de interagir, a maneira como separou os textos , em atividades.
    Voltarei a visitá - la.
    Abraços
    Renata

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  2. Renata, só hoje é que te respondo. Desculpa.
    Eu tenho de melhorar e muito o meu blogue.
    Mas, obrigada pelo elogio.
    Beijinhos
    Sandra

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